Tantas coisas que meus olhos viram
Onde eles guardam todos esses retratos em movimento?
Por vezes se lembram de uma cena
E não a localizam no mapa
Pobres olhos de dentro
Perdidos em suas montanhas de vida.
Como a gente faz com a memória?
Do sabor das frutas novas que comemos
Da sensação de algumas ruas que passamos
Do tato de nossas pontas de dedos
Furtivamente apreciando a textura de uma pele ou de um chão
Às vezes nem cena, mas sensação
E não me lembro de figurino, nem dos atores, nem do cenário
É só um perdido, anônimo, de vida fugaz.
...
Até o fim de minha vida
Como vou guardar tudo isso aqui dentro?
Marina Cangussu F. Salomão