sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Auto

Dentro de mim
Bastam meus órgãos,
Neste corpo ínfimo e magro.
Não preciso que mais nada se acumule em quinquilharias presas sem vazão.
Que nada trave meus canos de exaustão.
E é por isso que vomito tudo o que me atravessa sem alcançar o lado oposto
Tudo o que insiste em decorar o meu rosto
Vomito palavras, carinhos, afetos e tatos
Vomito perdões, culpas, blasfêmias e autos
Vomito...
Deixo tudo partir.
Os empurro por penhascos
Liberto
Liberto-me de meus pesos
Levito-me em leveza.

Marina Cangussu F. Salomão

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