quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Rascunhos

Às vezes quando acordo, a qualquer hora do dia, à tarde ou à noite, pergunto-me o que de tudo isso vale a pena. Na verdade,quando me desperto para a infinitude em alguns momentos,me questiono o que seria arrependimento, perda de tempo, o que se forma pelo atoa em uma vida tão comprida. 
E a minha resposta oposta diante do fim é sempre a mesma: paixão.
É que quando todo o fim se faz concreto, todas as horas são rememoradas como últimas e todas as oportunidades únicas, e tudo se preenche de um gosto maduro de consequência, mas nem tudo se envolve de validade. 
Então se formam desfiles mentais de vida e aquilo que te desfila sempre é o que acelera as embrenhagens de teu circuito, e esse responsável nunca são pernas, dinheiros, horários, cadernetas. 
Afinal, tuas moléculas só se dissipam quando se conectam com outras. E sentir é o que nos permite ir como um corpo inteiro deitar e deleitar em nosso desejo, conectar-nos.
Então, pouco importa se é ódio, terror ou casamento, os músculos se movem quando sentem o enlouquecer das sinapses estremecerem suas partes, enegrecerem as vistas e derreterem-se em gritos ou beijos.
Assim, a vida se move sem ser moinho levantando água, mas como o rio que se vai e se renova, ou como o menino que envelhece. A vida cresce. E a pessoa, em seu segundo de reflexão antes de sua extinção, se entrega, porque no fim é isso que a salvará: o amor que deixou ou que desfez. As marcas que os sentimentos deixaram na memória, na história e na retórica.

Marina Cangussu F. Salomão

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