segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sabor de Atenas

(Ao andar por essas ruas
Vem sutil os sentidos 
Poetizar os pensamentos)


Um cheiro quieto 
Verde e fresco 
De alecrim
Com uma pitada de manjericão
Cheiro que entra pelas narinas
E me transporta ao meu jardim 
Secreto e úmido.
Meu cheiro de mato


Misturado a um sabor de pedra no pé:
O sabor do pé na pedra
Dolorido e macio:
Sabor de viajante
Com gosto de som agudo e de atrito
Que se envolve com as aves dos olivais
E me retorna com o cheiro de saudade. 
Cheiro de casa.
E de repente
E como por sobremesa
O cachorro.
Deitado e preguiçoso: 
Sua harmonia. 
E até parece que eu já sabia
Que meus pés curvariam nessas ruelas.
E que o meu instinto me guiaria para aquela rua quieta 
Com cheiro de adivinha 
E cores de pureza alegre. 
E que diria 
Quem sabe um dia 
Em voz simples 
Que quero um café. 
Em uma língua que forma som, 
Mas que não me forma uma palavra sequer.

Marina Cangussu F. Salomão

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