quinta-feira, 24 de abril de 2014

Contos de Dona Laura



Subiu o mais alto da frace da terra
Na surdina do amanhacê
Pegô librina e moiou no aruvaio
Num teve reza pra se aquecê

Barreu a istrada inteira
Até a derradeira preda
Nas fôia de aruvaiêra
Até levô uma queda

Lá pra iscurê
Oiô o camim pelo gaio
Baxô os arqueado 
E o minino do cangaio:

'Maria valeiro que me dê cabiceiro
Pras noite de arubu
Iscura disfeita de lun-a
Qui vai certera nos rumo do su.

Pois nessa istrada sem pedrest
Passa caval sem as frace
Passa cobra e assumbrace
Mas num passa um cigâ-n num disfrace.

Valei-me Deus as perna guentá
Sem rumb e sem agasai
Subi uma subida dessas
Todo santo dia de trabai

E é muit sufriment
Num tem um gent que guent
A vida sufrida de meu temp'


Marina Cangussu F. Salomão



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