sábado, 18 de outubro de 2014

Jurado

Acuso-te de vãs desonras
Para desfazer-me de teu pesar
E sentir-me feliz apenas com minha infelicidade.
Acuso-te.
Sou eu a vã sujeita de nosso caso.
A réu. Desmerecida de clamor
Ou misericórdia.
Porém permito-me um último estalo
Na escuridão de minha malfeitura.
Pois acuso-te
Inocentemente de desfarias
Rebaixo-te de teu posto por desgosto
Mas também por perdição.
Porque foram tantos anos acumulados
De incertidão
Delineados de buscas incompletas
Que o pesar das contas
Tornou-se uma questão.
E eu que sempre acreditei
Que romances findavam por desavenças
Vejo-me diante o desamor.
Mas de afeto desesperado pergunto:
Por que tão triste fim
Ao melhor dos perdões.
Por que tão vil e insana a minha desumanidade
Desmerecida da lealdade.
Por que estas minhas raízes podres
Perdidas. Negando seu chão.

Marina Cangussu F. Salomão

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