segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Ode ao último retrato

Era apenas uma imagem antiga
Um porta-retrato entre papéis perdidos
Velho, um pouco carcomido.
Mas trazia lembranças
Achadas, talvez, 
Com o intuito de despedir-se afinal.
Nele desenhava-se um rosto bonito
E um tanto feliz,
No fundo uma parede do quarto
Que há um tempo me quis.
Parecia tão familiar
E ao mesmo tempo distante,
Que a minha imagem sorrindo ali ao lado
Já nem era mais minha
Foi: um dia, num instante.
Estranha a vida em imagens congeladas.
Antes alguém por quem mudar a rota, o rumo, os planos
Depois um nome que não se lembra mesmo voltando os anos.
Tristes os destinos
Ou felizes,
Não sei.
Ao menos, os mais importantes deixaram foto escondida
Pois ainda existem os destinos que não restaram sequer resquício de vida.
Mas, provável, que seja como foram,
Os que hoje têm rostos na memória
Mudaram o rosto que os acompanhava:
Meu rosto,
Meus sonhos, verdades ou propostas,
Sem o peso de mudanças impostas.
E isso é o que mais importa ao final.


Marina Cangussu F. Salomão

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