sábado, 21 de maio de 2016

Ode ao moço e à bagunça que deixa em mim

Gosto das cores dele
Vermelhos e roxos e vermelhos

Das frutas dele: amoras pretas e vermelhas
E laranjas

Gosto das pontas de unha mal lixadas
Dos cabelos rebeldes
Dos excessos de pelos

Gosto da textura da pele
Do cheiro que tem gosto de textura
Gosto dele por inteiro

Gosto da respiração lenta enquanto dorme
Das mioclonias da sonolência
Do cheiro da expiração dormida

Da textura dos lábios
Da textura da voz
Do cheiro de novo o cheiro

Gosto da maneira como fala, como escuta, como cala
Gosto da maneira como anda, como come, como ama
Gosto da maneira como pensa, do que sente, do que retrata

Amo esse homem despenteado
Ou quando sai ainda molhado do banho

Gosto de quando me abraça e de quando não se desgruda de mim

Gosto de sua maneira sutil
E mesmo quando febril sabe me agradar.

Gosto de como ele se conhece
E de como me explica das coisa do lado de lá

E gosto de quando me poupa
Daquilo que a voz não está pronta para falar

Amo-o
(amo-te)
Sem conseguir mensurar
Nem mesmo me organizar

Marina Cangussu F. Salomão

Ritmo

Os tempos mudam às vezes vagarosos 
Por vezes com pressa.

E os bancos ficam por vezes ociosos 
Outras tantas em arestas

Já se vê pelas cores da janela com ventura 
E outrora com vigor.

E vai se indo a vida em temperatura 
Combinadas em rimas.

É gostoso ver o tique-taque dos ventos no vidros
Mudando as cores do céu 

Cores que iluminam a vista 
E nos coloca um chapéu. 

Nós que nem sempre somos cinza
E nem sempre multicor: 

Pois já dizia a medicina que a vida é em sobe e desce
Nunca numa linha muda de rancor. 

Marina Cangussu F. Salomão

Dele

Ele tem textura de ele
Com gosto de ele
E cheiro de ele

Ele é todo rimado

E eu amo poesia

Marina Cangussu F. Salomão

Dos incômodos

Nós mesmos não nos importamos com os nossos excessos
Com os nossos acessos
Com as nossa saídas

Nos incomoda o nosso regresso
Alguma falta de processo
Uma ou outra recaída

Temos medo do mundo pouco diverso
Da vida inteira sem verso
Do futuro sem plano, do presente sem partida


Marina Cangussu F. Salomão

Resiliência

Tem momentos perdidos na vida
Que a gente se reinventa
A gente se adentra
Um pouco mais.

E mesmo sem saber por onde
Sem saber se pode
É isso que a gente faz.

E dão boas diferenças
Um tanto quanto intensas
Se a gente olha para trás.

E faz um pouco de medo
E outro tanto feliz
Quando se diz que a gente é capaz.

Marina Cangussu F. Salomão

Crises e Pontos de vista

Atrás de portas fechadas,
Repare bem,
Pode não haver qualquer saída.
Por outro lado dentre portas tortas
Pode não haver outra medida,
Mas sempre tem um infinito 
Imaginário de ver desenhos
Onde só há madeira.

Marina Cangussu F. Salomão

Poemas médicos

Ela era médica
Cirurgiã.
Um dia ela se feriu
Se rasgou.
E ela mesma se fechou.

Marina Cangussu F. Salomão

domingo, 1 de maio de 2016

Trechos da vida - Do aeroporto

'Não se esforce tanto em dizer adeus.'
Dizia insistentemente aquela voz em minha cabeça, enquanto eu vagava por um aeroporto. Já sem mala e sem encosto, só à espera de meu voo de volta.
Um coisa apenas eu tinha certeza: aquele voz que sempre me surgia na vida, como quem não é parte de mim, não se referia ao lugar onde estávamos, ao descanso, ao desconhecido de agora, às descobertas próximas.
Acho que se referia a mim mesma. 
A nós duas.
À última vez que pisei naquele mesmo aeroporto. Agora com artigo definido masculino singular. 
Dois anos antes.
Antes do desconhecido maior, da descoberta principal.
Época em que ia de encontro comigo mesma com minha ansiedade infinita. Ansiedade que só pertence a quem sabe que está aberto à mudança e prestes a encontrá-la.
Lembro-me bem do antes daquela viagem de mais de 400 dias, da voz dizer-me insistentemente como agora: estou curiosa com a eu que voltará.
E já se vão mais de 250 dias que voltei:
E sei de tudo o que mudei.
E sei daquilo que ficou.
Sei da ansiedade da volta, do medo de voltar a ser a velha eu - sem as diferenças que conquistei.
E sei ainda que nem todas as mudanças ficaram, mas poucas se foram até agora. Porém sei que muitas ainda estão por ir.
Porque a vida é em movimento e só se fica estático se não quiser andar.
Entretanto, toda essa mudança assusta e diz em silêncio todo o tempo: não se esforce tanto em dizer adeus a você mesma. 
Deixe ser e deixe ir sem algemas. Sem nada policial, sem leis, sem regras. Sem o reflexo de seu Édipo.
Deixe apenas ser eu.

Marina Cangussu F. Salomão

Trechos da vida - Do amor

A medida certa do desapego - ele me disse.
Não sei o pensamento que antecede ou qual o contexto: estava ainda compreendendo todas as nuances de um comentário anterior, suas razões, meus sentimentos e os significados. 
Quando voltei era essa a frase que pronunciava. 
Que pendia no ar.
Acho que ele divagava sobre estar solto e livre e ter. Porque nós agora, nessa nossa idade e com essa nossa história, discursamos apenas sobre o deixar-se solto, vagando leve, sem ninguém nem nada. 
Solitários. Individuais. 
Numa antítese contra tanta posse.
Mas em verdade somos sedentos de ter. 
Somos invariavelmente necessitados de almas, pessoas, experiências e amor. Uma posse profunda, que não é passageira, ligeira, nem superficial.
Uma posse que não é posse, mas doação, absorção, desejo, vontade e escolha.

Acho que era isso o que ele me dizia. Pois foi isso o que passei a querer.
Então, fiquei confusa e angustiada em minhas razões.


Marina Cangussu F. Salomão

.

[...]
Manos suaves y delicadas
La salsa Marina sale desde ahí
És el reflexo del alma y corazón sensillos
Me encanta verte

Muy fuerte y llena de ternura
Así és la bellesa del brillo de las estrellas
La alegria del mundo
Lo más sensillo de los sentimientos de los niños
La más intenso y verdadero amor que hay
El sudor que sale por el caliento del alma

Dios mio, gracias por conocer Marina!
Las palavras más ricas de los lábios más lindos
Que suerte la mia perderme en esos sentimientos
El pelo, el sudor y el llanto de amor

Gracias a Marina

L.A.C.B.
12/2015