Tijolos marrons era o que sempre se via formando paredes e muros naquele lugar. E se elevado o olhar: as chaminés e o céu cinza e frio.
Era lindo, romântico e simples.
Havia uma escada na porta dos fundos onde nos sentamos.
Era frio. No abraçamos. E nas mãos aquela fumaça que nos aquecia (e que entre nós se dividia)evaporando de um café bem quente.
Ele também parecia sonho: como todo o cenário. Calça jeans e descalço, blusa branca que dizia quem ele era.
Ele era típico, lindo e comum.
Tão loiro e tão claro que se destacava do escuro do marrom que o fundo compunha.
Estava ali, ensinando-me a amar. Sem posse, sem loucura. Centrado.
Deixava que os vizinhos me vissem pelo meio muro, sem briga. Deixava que eu fosse minha.
Era simples aquela cena. De pensamento suavizado.
Foi neste momento que me apaixonei.
Tão doce e tão suave a descrição, que nem parecia que aquele era o amor mais louco e intenso de meus dias. O amor que escolhi para ser errada.
O amor que me conectava com deuses sem bíblias ou outro livro qualquer. Ele me conectava com o deus do universo, mesmo sendo descrente e pagão. Ele me retirava do mundo, me matava. Depois soprava ar para meus pulmões. Me fazia ser viva. Me ressuscitava de mim mesma.
Ele era louco, niilista, prático, calado. Ele era lindo, intenso, consumista, amado.
Marina Cangussu F. Salomão
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