E me percebo em um futuro que não sei
Rapidamente tento fugir da tentação
Pois tenho medo do que pensei.
E me vejo variando sobre nós dois
Nossa loucura e nossa paixão
E percebo os passos que pisei
E me amedronto com os que serão.
Afinal, quando toda essa paixão passar
Toda esse devaneio e desespero
Quando tudo for apenas lembranças de bons tempos
Como vamos dosar nosso tempero?
Quando tudo for uma tentativa frustrada
E já não soubermos mais em que nos basear
Quando olharmos um ao outro
E já não houver mais tanto ardor para dar.
Quando já não houver mais brilho ou incertezas de apaixonados
Quando tudo virar ladrilhos com tijolos salpicados
O que faremos quando tudo isso passar
Com a sensação de que não nos resta tanto desatino
Sem devaneio de permissão de viver o agora
Sem carícias, sem destino.
O que faremos?
Sem a doçura vã que fica no coração dos que se entregam
Sem a resposta rápida que rodeia de esperança
Sem acreditar em qualquer crença que nos pregam.
Como vamos lidar com os defeitos que nos incomodam
Quando soubermos que tudo está morno: apaziguou
O que farei com o amor que existe entre a gente
Mas que hoje em dia eu não te dou.
O que faremos com o amor mais louco e intenso de nossas vidas
Quando dentre ele já houver resquícios de outras paixões
Não seremos mais tão belos, mais tão lindos e com sorrisos
Como viveremos de reparações?
O que faremos com nossas almas cruas uma em frente a outra
Ou a companhia nua de nós dois sem roupa
Marina Cangussu F. Salomão
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