Enquanto a minha primeira palavra foi não
Nasci astuta em minha caixa de sapato
Enquanto de meu pai era um carrapato
Nasci no colo de alguém triste
Enquanto a letra ainda insiste
Nasci voando no meu chão
Enquanto a vida perecia em vão
Nasci cortando as minhas partes
Enquanto no escuro fazia artes
Nasci na hora do irmão doente
Enquanto nos caminhos ia alguém carente
Nasci com dúvidas sobre a vida
Enquanto o mundo estava de saída
Nasci no meio de um matagal
Enquanto almas vagueiam na marginal
Nasci amando o mundo de deus
Mas isso ninguém viu, nem eu.
Marina Cangussu F. Salomão
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