quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Vespa

São tantos espelhos à sua volta
Retratando e perseguindo-a 
Em seu voo rodopiante
E triste:
Sem rota
Sem fuga
E sem chão.
Tantos espelhos
Refletindo seu corpo
Longo e fino
Desengonçado e torto
Que já confunde a própria imagem
O horizonte e o fim
E bêbada de si
Cai 
Desmancha-se em chão enlodado
E então nada em qualquer direção
Com suas asas enlameadas
Na nova podridão infinita
Em mendigar incessante
Repugnante 
E triste

Marina Cangussu F. Salomão

Nenhum comentário:

Postar um comentário