quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Quanto mais profundo entre os livros bordados de significados pragmáticos, mais poesia se necessita o humor vital.

Marina Cangussu F. Salomão

Hospitais

Porque tantas desgraças ululantes
Tantos gritos e desonras
Tanta podridão dessecada
Entre vivos e entre mortos
Desalmados
Decapitados
Diante do horror do terrível fim.
Pobres almas perdidas!
- Desamparo nos braços
Daqueles que sustentam,
E orgia na fonte do alento

Marina Cangussu F. Salomão

Mundo de Deus

E depois de perder sua fé no mundo de Deus, ficou desolado, perdido, desamparado.

Ele o sustentava. Ele o guiava. Ele, somente Ele, o amava.

Marina Cangussu F. Salomão

Redenção

Oh! meus amores
Compreendem minha derrota
Meu desamparo
Meu eu em fuga?
Compreendem meus abraços
Meus avanços
Minhas loucuras?

Marina Cangussu F. Salomão

Toto

Aquí te extraño mucho más que allá
Aquí te quiero en la misma cantidad 
Que en todo lugar.

Marina Cangussu F. Salomão

(Toto, do Checo: este; Nos amores: amor ter te conhecido)

Sola

Não rodeia-me a graça
Nem retira-se a pirraça
Quando não tenho teu perfume
À minha volta
Larirando em meu olfato.

Quando não tenho tuas mãos
Flutuando suavemente em minha pele
Em minha cintura.

Quando não tenho meus braços rodopiando-te 
E me obrigando a sentir
O saltitar de teu peito.

Faz-me falta.
Faz-me sola.
Viro sola pisada de sapato.

Marina Cangussu F. Salomão

Mais um dia

Hoje te perco mais que todos os dias
Hoje te abandono e te desamparo
Porque a dor de tua distância 
Desata meu desespero
Minha fuga.

Marina Cangussu F. Salomão

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Do sonho que tive essa noite

Alguns lugares não mudam: 
Tiram-se árvores, 
Põem-se ruas, 
Casas, 
Gentes. 

Não mudam em anos distantes, 
Em sons atrevidos, 
Em músicas vagas.

Marina Cangussu F. Salomão

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Pena

Estou desolada nesta terra sem pensamentos,
Enquanto todos eles veem à minha cabeça,
Dizendo-me todas as derrotas
E todos os fins, com deboche,
Pisoteando meu desprezo.
Desfilando perante meus olhos todos os anos,
Todos os tantos anos de amargura.
Veneno e Inferno.
Movendo lentamente em minha dor,
Enquanto meus olhos giram à procura do encanto
Que vejo em cada passo dos que passam.
Agora: matam-me,
Sufocando a nojenta esperança que me padece.

Marina Cangussu F. Salomão

Dança Cigana

Talvez não seja bom respirar
Entre tantos marasmos e tantos cabritos
Em tanta terra beje, tanta poeira

Talvez não seja bom ativar as narinas
Já que não há vocabulário
Nem significado
Nem ritmo

Marina Cangussu F. Salomão

Todos nós perderemos uma parte de nós mesmos algum dia,
Seja o pé, 
A cabeça 
Ou o fígado.

Pelo que vejo no mundo, 
Desejamos que seja sempre o pé. 
Porque é melhor não se manter de pé 
Do que não poder escorar.

Marina Cangussu F. Salomão

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Place

Where we are
It's so hard
It's so far

Marina Cangussu F. Salomão

Reparação

Tenho saudade de tua boca, de teus olhos
Tenho saudade de teu olfato, de tuas mãos
Quero que me abrace, que me tire do vão
Quero que me envolva
Quero que me ampare
Que me ame
Me repare.

Marina Cangussu F. Salomão