segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A ti meu sorriso (amarelo)

À Raissa Tomich

Aos queridos enfadados
Meus aborrecimentos!
Rodopia entre labirintos as tristezas de outrora
As escondidas em desenhos falsos de caretas
Norteadas e abençoadas pela mãe sujeita

E vão se indo nos desejos de felicidade
Parda e transgressora em impossibilidades sinceras
Macabro: máscaras: segmentos que dizem todo

E rodopia novamente para entontear
Embebedar de hipocrisias enfadonhas
Que fingem ser bom apenas sorrisos

E finalmente questiono:
(Meu mal sangrento em hipóxia)
Há de ser só sorrisos essa passagem em rios de lama?

Marina Cangussu F. Salomão

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Histórico

Entre o importante
E o desvairado
Entre o picante
E o abandonado

Lá se vão os reflexos de sua canção.

Marina Cangussu F. Salomão

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Catulo

Não há quem esteja ao meu lado
Assim tão doce assim tão vago
E me abrace em conforto camuflado
E me entorpeça nas descidas que te elevam
E me enlouqueça nos motivos que me deixa.

Marina Cangussu F. Salomão

Diagrama

É tudo e tanto.
Mas o único que quero 
É a contemplação!

Marina Cangussu F. Salomão

Esfalecendo

Há uma loucura fugindo-me,
Louca por resfalecer-me e sangrar
Fugir por meus germes e fluidos
Escapar de todo logismo de minha razão
Definhada por estímulo e exatidão.

Marina Cangussu F. Salomão

Noite

Aterroriza-me a noite 
Quando vem com seus raios escuros
Afastar-me de minha companhia.

E devagar, calmarosa e lenta 
Invade todo o espanto.

Expandindo-se senhora e rouca
De tantos gritos e assobios, 
Justificados no vento
- bondoso pelo dia. 

Ela vem e escurece-me, sem sombra e cria.

Marina Cangussu F. Salomão

Yellow brick road

Estou andando nesta estrada de tijolos amarelos,
Desenhada na infância nos respingos de meu pai.

Vou andando em tijolos tristes e abobados,
Ensimesmados, acovardados e cru.

Estou andando e pisoteando,
Bagunçando, destrilhando o já mandado.

Marina Cangussu F. Salomão

Amor e derivados

O amor tem dessas coisas de amar
Um entorpecer-se de temor na falta de metros
E um querer na vaguidez de quilômetros

O amor tem dessas coisas de bobeira
De rodopiar flutuando por bestagens
De desatar por brincadeiras

Marina Cangussu F. Salomão

Vôo

O pássaro ao entardecer
Veio me dizer:
Que já não seja sonho,
Mas asas.


Marina Cangussu F. Salomão

Teu desejo em ti

Parecem tão distantes as memórias de meu desejo, 
Tanto tempo entre o hoje e seu delírio, 
Que se rompem norteadas sem destino, 
Para puro deleite de meus pensamentos.

Mas ainda tão claras e precisas 
Que é possível sentir os mesmos devaneios 
E encantos de outrora.

E tão presente que a paixão continua a amedrontar-me 
Com seus impulsos de felicidade e suas vontades incontroláveis 
Da necessidade de abster-se do ir-se pelo instante
Em figuras de brincadeiras adestinadas e fugazes.

E de tão distante que eram a tão inconsequentes que são 
Acredito no encantamento de meus dias que virão 
Rodeados de tua presença concreta e não sonhada.

Marina Cangussu F. Salomão