domingo, 13 de março de 2016

Maturar

Às vezes surpreendo-me com minha capacidade racional
Com minha habilidade para silêncio

Pois sempre soube-me uma tagarela sentimental
Gritando amores por entre os cantos

Que assusta-me o meu cansaço:
Cansei das decepções de poucos santos
E dos exageros não correspondidos

Então resolvi usar as habilidades de meu outro extremo
E hoje só consigo dizer o que da razão é compreendido

Não que já não sinta
Tudo continua girando pleno
O fato é que resolvi deixar só o que me é ameno

E me fez bem

E me disseram madura

Pobres almas.

Marina Cangussu F. Salomão

segunda-feira, 7 de março de 2016

Um pouco mais perto

É bom aconchegar-me em tua cama
Sentir-te o cheiro de proximidade
E a textura de teu lado 
Que se misturam aos sentidos que me provocam teu lençol 
E amenizam todas as coisas que não são do aqui.

Então deixo-me absorver pela maciez de tua pele 
Que me aconchega e acolhe
Enquanto tu me envolves delicadamente 
Sem retorno
Permitindo que a delícia invada-me vagarosamente no embalo de teu ritmo

E nada mais é de mim a não ser sensores

Tudo é sinestésico


E esqueço das horas, das luzes, do tempo
Pois se chuva se sol se escuro ou claro
Ficarei a qualquer instante neste estado supremo de aceitar-te
De doar-me maravilhada os pedaços ou meu eu inteiro
Pois sei que não me roubas nem me tomas
Me devolves um pouco mais completa.

Marina Cangussu F. Salomão