segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Governos

Ele é controlador, eu diria.
Controla o que fala, o que come, o que sente.
Controla o que o rosto expressa, as horas de sono, a própria mente.
Ele inclusive tem um caderninho de controles:
Anota gastos, dinheiros e alguns amores.
Controla passos e quilometragens. Calcula tempos.
Ele tem tudo sob controle:
Nunca nenhum excesso
Nem nenhum acesso
Tudo com sucesso controlado.
Acho que ele esconde um auto-manual de como proceder.
Ele controla até a respiração. 
Ele foca toda a atenção.
Controla a fome, a sede.
Acho que ele também controla desejos.
Controla tesão.
E ele me controla nessa situação:
E eu, tola, sou todinha dele, desgovernada.


Marina Cangussu F. Salomão

Nenhum comentário:

Postar um comentário