segunda-feira, 7 de maio de 2018

A maré impossível

Mar,
Posso ficar aqui sendo banhada por tuas águas?

Me acalme. Me afogue.
Dê-me ar aos pulmões. Retire-o de mim.
Pois há tanto cansaço ali fora.

Posso derramar-te tudo aquilo que me vem profundo
Encharcando-me mais que a ti?
Falo dessas coisas que consternam ao olhar o mundo...

Posso, mar, ter-te me envolto
Para que me protejas e me ensines a seguir
Apesar de marés e invasões?

Sim, sinto-me invadida desvairadamente 
Todos os dias
Nesse jogar de mundos em minha cara
Como tapas (ou pior que isso).

Chega um ponto que o único que quero que me invada é você, mar,
Cheio de segredos da vida que ainda me falta descobrir.


Marina Cangussu F. Salomão

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