sábado, 23 de fevereiro de 2013

Los tiempos



Deberemos quedarnos un poco más solitarios en nuestros tiempos
Hay muchos caminos sin curso 
Y muchos pasos en muchas huellas
Pero solamente una alma
Y tamaños gritos para poca calma 
Tan pocos sossegos

Marina Cangussu F. Salomão

Embaçarado

Para Adson E. G. dos S.
Gosto da confusão dos tempos
Dos rumores e das cores
Dos suspiros e da inexatidão

Marina Cangussu F. Salomão

Footprints

E ao voltar vemos tudo que é diferente 
Perambular em ritmo à nossa frente
E são tantos passos em idos e voltados
Tanta história guardada entre sorrisos
E é tão grande e tão preenchido
Que os passos se vão indo
Abertos a qualquer instante

Marina Cangussu F. Salomão

Noite por entre as nuvens

Para Eduardo Cardoso 
Era um mar tão infinito
Quanto o que te tocava
Em seu sorriso bobo de menino
E vinha delineado em ondas
Pelo colorido dourado
Da prata noturna 
Era mais um mar
Por onde sonhava mergulhar suas asas
E encharcar cada pena
Era um mar flutuante
Onde iria saltar e ver
Que (este) ainda não era seu limite.

Marina Cangussu F. Salomão

Marrocos

És tão árido em todas as tuas camadas sedentas
Despedaçadas entre mil migalhas
Sujas empoeiradas solas
E tantos extratos visivelmente possíveis
Intocáveis em altura ou distância

És tão árido e tão secreto
Em diferentes formas iguais
Escondido entre suas cores únicas e uma só 

Tão o mesmo longe 
Mas cada um em sua escultura lapidada pelo vento
Ou pela água ou pelo quente 
E tanto frio

Sois tantos
Tão delicados em toda rugidez
Entre tantas rugas e curvas secas
Escondidas na tradição de serem assim:
Simples simplesmente

Entre o cítrico e o seco
O quente e o coberto
E descoberto na carência de tanta companhia

Marina Cangussu F. Salomão

Entre laranjeiras

Veja antes teus olhos cerrados 
À procura de teu vazio
Veja o quanto se amarram entre os travesseiros
Da casa que já não é sua
O quanto se apertam
E refugiam longe da luz
Veja todo o medo que lhes acompanha
Transtornados com teu pouco querer-se
Veja tudo o que recheia tuas pupilas nas palpebras fechadas
E somente depois arregale teu varal com as roupas estendidas
E sinta o vento que lhes alcança de todo lugar
Então veja quão forte pode ser este teu olhar 
Entre as frutas e laranjeiras do quintal.

Marina Cangussu F. Salomão

Atlas

Eles estavam lá
Apenas esperando o tempo passar
Para que pudesse olhá-los
Com os olhos 
Que naquele momento existiam
E impressionavam
Diante de tantas respostas
Antes sem perguntas

Marina Cangussu F. Salomão

Lá nas terras do sem fim

Lá na terra onde todas as estrelas nos olhavam
Iluminando a pouca luz com sua beleza.
Lá onde não se podia contá-las.
No mais escuro possível na terra 
E o mais claro no céu
Lá onde sentia-se só, 
Onde só havia frio, 
No mais completo silêncio.

É o mesmo lá onde se vê cada brilho do alto.
Todos os olhos dos tempos em ti:
A completa paz.

Marina Cangussu F. Salomão

Marrom

Esquece-se de sua natureza 
Entre tantos verbos 
E tantas cores.
E já não é possível crer nos olhos
Crer na pele e no tato.
Já que entre tanto voado
Entre tanto tudo
E toda areia
Tudo seco 
E muito ameno.

Marina Cangussu F. Salomão

Sua dança

O canto floresce na amplidão destas ruas
E teus rodopios e voltas fascinam-me
No ar que te exala,
Aspirando a menino
E pura beleza.

Marina Cangussu F. Salomão

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Verbo em dom

Não reconheço o verbo
Em sua força e dom
De alterar os próximos passos que vem

Sabem menos do som
Que desenha no vento
A ação impulsionante dos que crêem

E não se movimentam
Em fala ou comunicação
Pois não sabem nem vêem

Se estacionam apenas em estratégias
Esperando a dor dos outros olhos
O inquietar das outras bocas

Esperando a queda das peças
Esperando o verbo em som

Marina Cangussu F. Salomão

Poema associando a Teoria da Ação Comunicativa de Habermas com a postura de pedintes diante a crise financeira do mundo.

Profecia de Saturno

Saturno devorando seu filho - Rubens (1577-1640)


Sugue seus pedaços 
Largados nos caminhos que não vira
Cada um com todo sabor amargo dos esquecidos
Sugue-os com o terror de ter perdido.

Sugue teu trono para não perder as estrelas.

Marina Cangussu F. Salomão

Braços, bruços e soluços

A cabeça anda em movimentos,
Rodopiando entre os labirintos dos degraus.

E o corredor se movimenta estático,
Reverberando os hinos do tilintar pensamentos
Entre três paredes e costas.

E nelas não há nem sequer teu desenho para me acalentar:
Entre braços e bruços de meus soluços

Marina Cangussu F. Salomão