sábado, 6 de julho de 2013

Vinho tinto de sangue

A lua já se pôs
O sol já derreteu
E eu: nem sequer tenho um copo para secá-lo.

Tenho vistas sem extensão.

Tenho alguns livros
De uma má educação.
Mas o alguém que me ensina
Chora sua idealização.

Tenho caminhos sem aptidão.

Estou na rua e sou roubado
Estou em casa: assaltado
Na TV: um ladrão
Nas urnas: seu perdão.

Tenho letras sem canção.

Já soprei os acordes
Entre os bobos das telas
Vinguei a meus lordes
Me estrangulei.

Tenho vontade sem admiração.

Já lutei minhas causas
Já cortaram minhas asas
Me sentaram no chão
Eu fugi da prisão
Pedi por respeito
Pedi por socorro

Mas nem sequer tenho um copo para secá-lo
Nem sequer tenho grito para gritá-lo
Nem armas
Só voz
A sós!

Marina Cangussu F. Salomão

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