terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Engraciados

Quando olho esse teus olhos castanhos
Tão adequados aos teus contornos
Tão harmônico e singelo
Vejo o encontro de brilhos de difundirem
E o amor meu une-se ao teu
E nos teus olhos vejo nossa alma
Sedenta, requieta e completa
De repente não percebo que tenho corpo
Sugada por essa hipnose sedutora
E já não sinto mais nada além de uma leve flutuação
E meu corpo se desmanchando no tremendo dessa força
Então sinto que tocas aqueles átomos que seriam lábios
E gentilmente reconstrói-se a parte em mim
Tuas mãos iniciam o delineio
E por amor une minhas partículas decompostas
Cada átomo e cada célula, pelo desejo enérgico de tuas mãos
Delicadamente, tu voltas em mim a mulher. Inteira
Então na maestria de nosso pensamento
Deambulamos em conjunto e em soltura
E caímos em transe epiléptico por desejo voluntário
Aqui ondas são refeitas e recompostas sem antes serem destruídas
Por isso a maré se torna tão violenta
Impossibilitando a interrupção da invasão da areia
Então toma tudo. Entrega tudo. Invade e ocupa
Até tremer todo um terremoto de recompostura e isolamento em dois
E a carne minha une-se à tua
Engraciados ao chão.

Marina Cangussu F. Salomão


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