segunda-feira, 2 de junho de 2014

Carta

Sei que os tempos estão amenos, meu amor
E que as cartas levam meses para chegar
Ônibus se vão e voltam sem respostas
E o cochichar dos ventos dizem sequer suspiro
Sei que a vida se mantem em lembranças
E que o amor não passa de imagens refletidas
Que o mover das palavras é capaz de transformar os rumos
Mas que nem palavras são escutadas pelos ouvidos sedentos
Sei. Sei que a vida se foi com seus planos infinitos
E que eram planos lindos que doem a cada memorar
Sei também que se perderam todos os toques
Todos os tatos, os lábios, sorrisos e olhares
E as respirações deixaram o amoroso para uma ansiedade medrosa
Sim, amor, muitas coisas mudaram nessas rotas sem destino
Tantas linhas retas agora curvas
Perdidas, com esperanças de encontros
Eu sei, meu amor, que não era esse o plano
Eu sei.

Marina Cangussu F. Salomão

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