quarta-feira, 2 de julho de 2014

Solidão

Ela veio
Linda e suave
Tocando-me a face
Ora rude ora macia
Acariciando-me a pele 
Anunciando a existência.
Traz-me as lágrimas 
Que há tanto se pendiam nas pálpebras
Precipitadas pelo vento.

Ela apareceu-me
Desta vez exalando orvalho seco
Cheiro de mato.
Junto a ela passam algumas ilustres figuras de alma:
Um casal esbranquiçado e seus dois amigos
Um olhar vazio e meio perdido
Boas tardes e assovios
E tantas bicicletas.

Mas finalmente veio
Embalar-me junto a uma folha de pequenos rastejantes pretos
Meio felpudos
Como a grama e suas cores salpicadas.
Ela chegou
Em dia longo de pouco sol
Depois da ponte
Ao som do encontro de águas
Em um banco tão simples quanto ela mesma
Com algum lodo e parafusos grandes
Madeira grossa
Como se plantado ao chão
Unido a todas as raízes.

E foi isso o que ela veio me falar.


Marina Cangussu F. Salomão

Nenhum comentário:

Postar um comentário