domingo, 16 de novembro de 2014

Flores, Cores, Dores, Rancores

Vejo pessoas morrendo
Todos os dias
Uma por uma
Em minha mesa.
Vejo-as.
Não por ser médica ou juíza
Ou por enviesar-me em seita
Ou qualquer treita que aceite a morte.
Vejo-as apenas porque abro os meus olhos em suas flores
E vejo-lhes as feridas carcomidas 
E putrefeitas 
Com bichos e parasitas a devorar-lhes.
Mas não culpo os pequenos seres em seu banquete
Nem culpa seria boa palavra.
Mas o sujeito do verbo morte 
É o próprio ser feito de dores
Por cores que não escolheu
E que morre sem sua arte.

Marina Cangussu F. Salomão

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