segunda-feira, 11 de maio de 2015

Primeira vez

Pela primeira vez não preciso limitar os meus planos, cortar os meus sonhos, ouvir o quanto sou egoísta por querer-me mais.
É a primeira vez, porque antes de crescer em mim um sujeito solo, eu já estava colocando-me em papel de dois. 
Antes mesmo de saber de mim, eu já me pus em tê-lo.
Mas neste único momento: não: vou onde quero sem ter que desmarcar o jantar ou o encontro de família. Mudo minhas profissões sem pensar se terei dinheiro suficiente para as contas da casa ou para bancar aquele carro que ele tanto queria que dividir.
Vou solta e tranquila. Cuidando de mim e de meu presente.
Porém não vou só.
Sei que posso ter afeto às sextas-feiras a noite ou em qualquer outro dia da semana. Porque tenho com quem dividir o presente. Mas sem pressa de futuro. Sem linhas limitadoras de uma sequência indefinida.
E me sinto bem. Me sinto livre.
Sinto meu amor leve e fluido.
Estava cansada de dividir-me antes da hora.

Marina Cangussu F. Salomão

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