sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Desabarrotância

Tinha a mania e costume de acumular o que desejava profundamente em grandes potes, recheados, belos e cobiçados. 
Transbordados.
Eram chamados postergados. Adiados para quando pudesse viver sem normas e horários.

Enquanto no outro pote, um só, acumulava e esvaziava os afazeres, os de todo dia e toda hora: os Áridos.
Quentes e secos. 
Como suas palavras e seus minutos (cheios). 

Porque os outros Tempos viviam guardados, esperando a desistência do medo para brilharem na desabarrotância.

Marina Cangussu F. Salomão

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