domingo, 24 de outubro de 2010

Xeroftalmia

Os meus olhos estão secos
Não há dor que lhes inunde.
Secos como o mundo:
Sedentos, desesperançados.


Não vê que a verdade
Os agoniza, os desloca
Em busca da imaginação
Da vida de menina?


Neles não há nenhuma alegria
Porque é vulgar sorrir
Em meio aos famintos.
Pobres homens!


Nem agora escorre-me, 
na face desconhecida pelo sol, 
uma lágrima.


Marina Cangussu F. Salomão

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