sexta-feira, 27 de abril de 2012

A guerra

Na guerra da luta constante
Disputam os desastres,
O maior crime
Cometido ou pressentido.
Concorrem horrores
E desolações,
Na vista cada dia maior,
Petrificadas as almas
E perdida a fé.
Na guerra da luta de todos os dias,
Manter o vivo e respirando
Em enxangue vermelho
Não há mérito algum
No heroísmo¹
Nem na luta ardente
Da perda de partes
Soltas ou suas,
Perde-se os pensamentos,
A alma,
A consciência
De ser-se animal.
E resta apenas a imortallidade
Recheada de promessas
De super-homens,
Dos desumanos.
E muitos saem ilesos na aparência
Mas nenhum volta a ser como antes²

Guerreio todos os dias
Desde abrir os olhos
Até fechá-los
Em cada pisco.

Marina Cangussu Fagundes Salomão

¹ ² Isabel Allende in O Plano Infinito

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