Os pulmões não sugavam o ar ardente para não lhes queimar as entranhas. E as pupilas não sabiam se adaptar à luz vermelha nem mesmo à sua função de ver, pois fazê-la era o que mais doía e destruía as poucas células que tentavam sobreviver.
Tudo parou. Enferrujados, sofrram a angústia da disfunção, da ausência de planos e do medo de tê-los.
Não tinham mais por que vida lutar: as pernas se esqueciam que passos dar, o cérebro que pensamento ativar.
Estavam confinados ao tal coma, sem botão propulsor, sem engate.
Sem nada além da espera.
Marina Cangussu F. Salomão
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