segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Árvores

As árvores eram todas caídas pelo vento naquela estrada beirando o rumo de Tapeirinha (ou seria Barreiro Branco?). Vento que vinha em Agosto, época em que já fracas de sol e seca nada faz das árvores suficientemente fortes para se manter.
Então caem, todas para o mesmo lado, só galhos cinzas, em um chão pálido.
Raízes para cima, sem qualquer esperança de vida.
Porém, quando chega Novembro e suas chuvas poucas e concentradas, algo de milagre ali ocorre. E o último filete de raiz que toca o chão já faz brotar os verdes claros mais lindos na copa caída.
Um filete de raiz que lhes sobra, faz um florescer maduro até Março.
Assim são as árvores de Tapeirinha.
Assim as pessoas:
Elas me chegam antigas em seus cinquenta anos, com roupas velhas, filhos doentes, dores de coração, dores de barriga presa, já não engolem a vida desde os 25 e não sabem ler o que lhes está à frente. O olhar sofrido da vida que amadureceu cedo demais (rápido demais).
Olho-as e mais parece que qualquer vento, nem precisa esperar Agosto, já as vai derrubar.
Mas de repente, como que por magia ou algum fascínio da terra, são elas que me acolhem e me sorriem, oferecem à mesa o que tiverem de seus poucos salários.
Elas brotam: verde claro, marrom tamarindo, vermelho seriguela madura, amarelo pequi.
Resistente essa terra.
Resiliência, me ensinaram.

Marina Cangussu F. Salomão
Pai Pedro - 19/01/2017

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