segunda-feira, 11 de junho de 2012

Teras de rodas

Não posso acreditar palpadamente 
Que permito que as rodas girem 
De encontro ao atrito do chão 
E tão vorazmente me afastem 
Da única ternura que me afaga. 
Não posso permiti-las serem tão más 
E indiferentes ao que me protege 
E consome em candura. 
Mas o que faço contra a rapidez 
E a fúria de seu rangido? 
E a espera do pouco agrado no outro lado? 
O que faço além de permiti-las 
Roncar forte meu desatino 
Em águas tão delicadas 
Quanto o amor deixado na poeira da fumaça.


Marina Cangussu F. Salomão

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