quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Construção vaga

Apenas deixarei fluir
A ansiedade louca
De holocrinar-me
Em palavras
Pela manhã tão felizes
Já a tarde tristes
Diante de todos os afazeres
Práticos e urgentes
A retirar-me a fantasia,
Concretizando apenas
O útil inútil para o ser.
E sem mais buscas
Por sutilezas
Desfazer em desenhos
As que habitam-me
Questionando porquê
Tão inúteis
As perguntas não
Se pautam em argumentos,
E assombram-me
De imensa veemência
À ignorância
E sem ao menos compreender
O significado de compreensão
Encorajam-se a remontar
Sua morfossintaxe
Completa e perfeita
Inundada de vácuos
E vazios anencefálicos
Ah! Perdem em usos terríveis
Tão singular significado
De cada união de letra
Que as compõem
Colocando sua nobreza
Em infundamentos
Expressos em altivez
E segurança pérfida
Construídas em medalhas
Com dois versos diferentes
Moldados na praticidade
Sufocante de cada dia.
Sim, deixarei fluir
Minha ânsia solta
De desenhar palavras,
A duvidar de seu uso,
E ainda mais insignificados
Surgirão de minha obra.


Marina Cangussu Fagundes Salomão

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