Por loucas tardes
Revirar-me
E em sorrisos breves
Condensar a insanidade
De ser sincera
Em dois
Quem me colocará
Nua de esconderijos
A rir até do óbvio
E como criança
Enfeitar-me lúdica
E ignorante
De pobres bolhas de sabão
E quem me fará
Soltar palavras justas
Tão mais abertas
Que sonorizem jardins
E paredes
Embasando a concretude
De ser um só
Se há ruas e mais ruas
A construir-se
Para retirar-te a proximidade
E outras mais que ainda
Não andamos soltos
Completando-as conosco
E fazendo-nos completar
Se há bravos chingos
Dos outros
Irritados por sermos do outro
Obrigando-nos
A obstruir passagens
Que queríamos
Para a vida cabal
Se a saudade não parte
Nem mesmo abandona
Desconstruindo o fato
De estarmos tão leves
E sabermos flutuar
Pois flutuantes no céu
Nos encontraríamos.
Marina Cangussu F. Salomão
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