quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A Boca

Minha boca que cantou
Tuas inúmeras perdas
No afã de elevar-se
Perplexa junto ao chão
Inundando-se de água e lama
Da chuva pouca que te gozava
E debochava dos incontáveis escorregões.

Cansada minha boca precoce gritou
Já seca e sangrando
Proclamou a desonra
A desesperança
Proclamou a derrota
Que suas pernas 
Continuaram cavando


A mesma boca cicatrizada que regozijou
Em jubileu de afeto e perdão
Ao escrutar os longíquos horizontes
E penetrar com os seus olhares
As supremas belezas¹
No vento gelado
Das alturas infinitas
De olhar eterno
Em que as contradições dos degraus
Elevaram suas pernas.

Marina Cangussu F. Salomão

¹Friedrich Nietzsche in Assim falou Zaratustra

Nenhum comentário:

Postar um comentário