quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Do retorno aos cheiros e vontades

Volta à infância sem presentes
E é capaz de sentir o cheiro impregnante
Da bolacha e do lápis
Que rolavam em outras mãos
Que não eram suas

(Come-os incansavelmente até abarrotar-se)

Invade-lhe as saudades, as meninices:
Relutara tanto por não abandoná-la
Que ao se ir foi completa
Restando a rispidez e a saudade
E agora invade-lhe a cura e a raiva:

Ah incompletude de outrora,
Por que invade-nos agora
Sem pedir para entrar
És tão doce e tão terna
Tão longe. Tão vaga
Que sobra apenas no fechar de olhos
De imaginação solta
E vai-se indo em tempo
Mas já nem tempo vê-se passar.


Marina Cangussu F. Salomão

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