domingo, 27 de setembro de 2015

Papel sem resma

Meu quarto está uma bagunça
Há coisas jogadas por todos os cantos
Nem sei onde posso encontrar a mim mesma
Fiquei feito papel sem resma.

Pra ser sincera nem sequer sei onde passo
Da porta para dentro encontro o mormaço
Então quebro alguns vidros para ocupar-me
Aquele meu silêncio sem palhaço

Minhas roupas já não me encaixam
E não combinam em cores
Por isso se amontoam em cima de cadeiras 
E mesas sem flores.

Os meus livros desarrumei na prateleira
Ainda não decidi se os admiro ou leio
Alguns comecei pelo princípio
Com os de poesia fui direto ao meio.

Até meus próprios poemas estão largados 
Embolados e rasgados por todos os lados
E leio a descrição de meu eu confuso a todo instante
E mais parece que não tenho espaço na estante.

Eu fico assim quando vou lá fora e não me conecto
Quando nem da tela nem da janela vem aquilo que me enche a calma
Alguns chamam isso de dependência
Eu chamo de humanidade.
Afinal onde já se viu viver sozinho ou em superficialidade.


Marina Cangussu F. Salomão

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