quinta-feira, 28 de julho de 2011

Café

Ela era tão fluida em suas palavras
Tão fácil, tão clara em tamanha complexidade
Que estupefava-me em meu machismo estúpido.
Em todas as suas décadas
Ela mantinha a graça da sinceridade
E com olhos gatunos de ondas desfeitas
Defazia-me tonto em pedaços de éfigie.
Nunca ousei admirá-la às vistas
Para não permitir a estamparia de meus erros
Deformada perante o público.
Mas sempre invejei seu deleite
Em horas de falas soltas e arraigadas
E livres, como ela:
Que sabia voar no alto.

Marina Cangussu F. Salomão

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