terça-feira, 5 de julho de 2011

Coruja em Pleno dia

                    Ainda que eu tivesse o conhecimento
                    De todos os mistérios e de toda ciência,
                    Se eu não tivesse o amor eu nada seria...



São tão diversos e tão iguais
Tênues, tão tênues
E dir-se-ia sobre olhos
Sobre seus retratos
Mas não importa
Nada importa ante os sentimentos
Mesmo que se movimente os lábios
Em pensamentos tolos
De que vale a inteligência
Ou o homem que passa
Atarefado em beber da água
Que jorra do público?
Vale mais sentar ao sol
E ouvir a coruja em pleno dia.
¹Pois sentia agora que a única coisa
Que vale a pena dizer
É o que se sente, afinal.
A inteligência era uma estupidez.
Devia-se dizer simplesmente o que sentia.


Marina Cangussu F. Salomão

¹Virginia Woolf in Mrs. Dalloway

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