terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Poeira

Via-o de pé
Com sua blusa de botão azul
Que combinava com o branco do cabelo
Que justificava a boca um pouco flácida.
De pé, cantava algumas preces com fé
Nele havia fé.
E comovia-me a cena
Não sabia o que balbuciava
Mas vê-lo balbuciando já enchia-me
E o coração avisava-me da vida
E os olhos dos sentimentos
Confesso: invejava-lhe a fé
Sem dúvidas ou explicação,
Invejava-me vê-lo como protagonista
De quadro tão belo
Porque antes sabia-me
Diante de espelho fosco
Mas depois achei
Que aquele embaçado era a verdade
Então, perdi-me
Pensei que o girar do vento
Era o dançar livre de meus pés
E não percebi que era minha poeira
Que estava solta pelo vento.


Marina Cangussu F. Salomão

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