terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Pouquinha

Sempre que a memória me pega
Traça-me quadros de uma pequenina
Que reclamava mais atenção
É que ela tinha que se fazer sozinha
Não tão sozinha, mas sem todo o cuidado
E na angústia da insegurança que não desejava
Se construiu um pouco mais austera
E um tanto mais disfarçada:
Firme e certa.
Na ânsia da atenção despossuída
Ofereceu-a a seus fornecedores
Solucionando-lhes os problemas
Ouvindo-lhes e cuidando
Então inverteram-se as posições
E a pequenina esqueceu que era apenas disfarce
E projetou-se ainda mais alta e mais forte
Mas o avanço de sua construção bambeou as colunas
Foi quando lembrou que sua base tinha garras
Crescidas para protegê-la da solidão
E sempre que exigida apertava-se
Rasgando as cicatrizes da pequenina
Lembrando-a que era pouquinha.


Marina Cangussu F. Salomão

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