terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Vasta vista

Não sentia saudades dos grandes muros
Que encobriam sua janela
Desenhando na vista um quadro cinza
Às vezes com algumas sombras ou riscos
Outras com pretos de lodos
E ainda raro um esperançoso verde
Querendo se firmar.
Não. Não voltava-lhe à memória
Com sequer mancha de saudade
E mesmo depois de tanto distante
Nos momentos de retornar
Nunca desejara o retorno.
Pois a vista daqui era mais ampla
E enganava-lhe a alma com promessas
Que exalavam expansão.
Na verdade, é que tão distante se via
Que sua miopia reduzia
E se perdia naquele mundo vasto
E não precisava mais de tantos espelhos
O que precisava, e cresciam,
Eram duas pequenas asas
Que diziam crescer com o tempo
E depois levava a voar por entre o morros.


Marina Cangussu F. Salomão

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