quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Geometria incontida

Era a típica noite de verão 
Anunciando a chuva
Com um quente fresco pelo vento.
Daquelas que juntam pessoas mórbidas na rua
De tanto verem paredes
E verem vidas somente em telas
Não de quadro e tinta.
E agora: fora das formas geométricas 
Em visão sem muita simetria
Viam e reconheciam
Acordavam da mordaça do calor
Confinado em paredes.
E o vento que desmanchava-lhes os cabelos
Aproveita para desfazer
A certidão das coisas
Permitindo-se anunciar também
O próximo instante bagunçado
Que sussurrava e pronunciava o novo
Em matérias fixas desfeitas
E ventos fluidos aceitos.
Era que os planos eram novos
Como as promessas:
Que juradas nas carícias da ventania lenta
Anunciavam atitudes espelhadas 
E outras refletidas
Permitindo-os ver em espelho
A matéria incontida que os produzia.
 
E era por isso que no verão eles eram felizes.

Marina Cangussu F. Salomão

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