segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Magrilinha

Ao amor de minha mãe
Ela cresceu naquele meio
Repleto de incentivos desvalorizados
Com impulsos limitados
Mas livres em seu esconderijo
Ela aprendeu a pensar
Com seus grandes olhos nos livros
Descobriu posicionamentos
Guardou conclusões pendentes
Suspensas nas restrições
Ela conseguiu unir pecados
Ligá-los à caridade
E ouvir a divindade
Alheia às regras murmurantes
Ela fez-se livre
Em sua crença e humanidade
E unida da confiança de seu Deus
Escreveu, criou, reinventou
E tão magrilinha, tão pouquinha
Não havia por onde sair tanto
Depois de uma infância de vermes
E uma adolescência emburrada
Ela: tão frágil e insegura
Certa em palavras
Sem credibilidade em teorias
Não poderia mostrar asas
Tão grandes e desenhadas
Certeira e gatilhada
Não poderia ser tão longe
Nem sorrir lateral em segurança
Porque nunca perceberam
Aqueles a quem mostrava a alma
O imenso castelo frágil que levantava
Nos erros e trepidações
Que pouco viveu, mas muito sentiu
Porque diante das palavras excessivas
Não viam nos dramas a conclusão
Que pênsil se fazia
Sedenta por um terreno a pisar
Encontrado apenas longínquo
Nos que a liam.

Marina Cangussu F. Salomão

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