domingo, 14 de agosto de 2011

Nascimento

Ela vivia em seu cantinho
Absorta e trépida
Medrosa por achar e descobrir
Ver além de sua quimera
Limitada por ar e plástico.
E tudo tão centrado e perfeito
Talvez alguns segredos
Outros tantos pecados predestinados.
Vivia escondida, vivia escondendo-se
Temia a percepção,
Que achassem-na
Pois a estudariam sagazes
Espertos, não lhe perderiam
Sequer disfarce amplamente trabalhado
E se descobrissem, ela descobriria
Teria de enfrentar a imperfeitude
Teria que se refazer
Se encontrar no reflexo
Desacomodar e furar a proteção
Poderia entrar vermes e micróbios
Que invadiriam todo o seu espaço
Invadiriam seu próprio corpo
Eles a comeriam lentamente
Até sua completa putrefação
Ela morreria. E deveria morrer.
E se sentiria feliz por isso.


Marina Cangussu F. Salomão

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