quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O destino dos mudos

Por entre as gentes
Cansada e talvez inóspita
Flameja ainda a dúvida
Dissimulada em afetos.
Ela cresce baixa
Qual fungo em bom terreno
Até brotar superficial,
Cautelosa em medos.
Antes gritaria exorante
As faltas, as falhas
Afinal ainda retiram
Ainda rebaixam
E sempre reprimem.
Assim diversa, 
A dúvida questiona:
Fosse eu menos triste
Menos calada e só
Andando pelos corredores
Por ricas e nobres almas
Em que seu silêncio
Consome minha essência
Não deveria evaginar-me
E aparecer distinta?
Fazer ver-me
Tão sórdida quanto
E agora inquieta
E perguntar para que tanto
E por que menos tempo?
Ah! A resposta que deseja
Nunca é a que recebe
Não tangencia sua liberdade
Então não se implanta
Tão leve, tão solta
Enquanto seria firme
Assim vê, que mesmo tudo
Por entre livros
Por entre nomes
Não é nada se não faz-se
Se não brota por se própria
Sem água e sem vinho.


Marina Cangussu F. Salomão

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