Na ausência das molduras
Que não saberia dizer se partem
Das perdas ou das quedas
Tão sozinhas e somente elas
Povoavam seus dias em saudades
Lembranças supremas de outros tempos
Menos perdidos e menos ao vento
Estavam jogadas a um canto
Com alguma comida e espanto
E fariam festas ao se verem
Nuas de qualquer contentamento
Uma cantava como pássaro
E ilusória erguia-se em voz frágil
À espera do único voo
Que a libertaria do chão
Outra incomodava-se por contenção
Por que ririam tanto se o espaço
É breve e a espera eterna
Em dias fartos de mesmice
Aquela toda enfeitada
Com brincos por toda a camisa
Só não tinha palavras
Que explicasse o que sentia
Pois a saudade era grande
Do lugar que não conheciam
Mas a vontade era imensa
De descortinar-se em voo solo.
Marina Cangussu F. Salomão
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