Se tornava cada vez mais distante
E seus passos mais tórridos,
Fraquejando em indefinida coesão
Que lhe retirava a segurança do chão
Sentia-se fraquejar e mesmo turva a visão se fazia.
Pronto: não havia como se movimentar
Mas em automatismo suas pernas indiferentes
Permaneciam em controle estável
E absorto de tudo em direção ao ônibus
Em que adiantaria seu movimento puro
Em confusões cefálicas?
Vazias de suas quimeras pessoais
E negados os problemas do mundo?
Sua completude frontal viera apenas lhe retirar
As fantasias que colerizavam-lhe a infância,
Permitindo realizar seus monstruosos sonhos
Que de repente não possuíam gosto.
E agora tudo tão longe...
(O fato é que nada mais se mexia dentro de mim¹)
Marina Cangussu F. Salomão
¹Simone de Beauvoir in Os mandarins
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