quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Vinte

Ao caminhar seu destino 
Se tornava cada vez mais distante
E seus passos mais tórridos, 
Fraquejando em indefinida coesão 
Que lhe retirava a segurança do chão
Sentia-se fraquejar e mesmo turva a visão se fazia. 
Pronto: não havia como se movimentar
Mas em automatismo suas pernas indiferentes 
Permaneciam em controle estável 
E absorto de tudo em direção ao ônibus
Em que adiantaria seu movimento puro 
Em confusões cefálicas?
Vazias de suas quimeras pessoais 
E negados os problemas do mundo?
Sua completude frontal viera apenas lhe retirar 
As fantasias que colerizavam-lhe a infância, 
Permitindo realizar seus monstruosos sonhos
Que de repente não possuíam gosto.
E agora tudo tão longe...
(O fato é que nada mais se mexia dentro de mim¹)


Marina Cangussu F. Salomão

¹Simone de Beauvoir in Os mandarins

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