sábado, 1 de outubro de 2011

Para minha amada

Há tanto tempo não sinto tuas pedras 
Frias e enevoadas tocar meus pés
Que vagueiam suaves em subidas
Por tuas ingrimes ladeiras
Há tanto tempo não dissolvo-me
Misturando a teus jardins,
Em verde escuro constante,
Penetrando como ramos pelas portas e janelas
A fim de inundar-te e sobrepujar-me
Envolta pelas poesias que ressoam de tuas paredes
Em grandes nomes e belas histórias
Há quanto tempo minha amada?
Se o futuro desfaz-me a ilusão de habitar-te
Em plenitude de confortos imaginados
E põe-me distante em horas falhas
Que não se veem e não controlam
Então, imagino-me velha e só
De mãos rugosas a equilibrar xícaras
Em frio e dores compensados
Pela quentura do chá,
A usar grafite em tuas mesas
Desenhando as letras que me inspira
A espreitar-te, finalmente!
E em inteligências passadas
Ponho-me a descrever-te
Em paixão cada vez mais cabal
Das ruas e becos que me encantam
E exasperam de desejo
De ser só em ti.




Marina Cangussu F. Salomão

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