quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Só um barco

Da sala via a chuva lá fora
Batendo na janela a chamá-la
E batia insistentemente a cada pingo
Convidando para um banho sereno
Em gotas fortes a alcançar a pele
E junto de seu véu meio branco
Encharcaria-a de maciez e frio
Ao som do vento em flauta doce
Mesmo tremendo sentiria no tremor
A vivacidade habitar-lhe somente
E esqueceria naquele instante
A vida que deixara usurpar-lhe
Iludida ao som da água a tampar-lhe a vista
Acreditaria que perdera-se naquela que corria 
E apenas com um barco de folha seca
Poderia alcançá-la e revivê-la
Lívida, fresca e cantarola.


Marina Cangussu F. Salomão

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