Por entre as árvores naquele dia de sol
Com manhã chuvosa e verde de tanta primavera.
Então ela viu neles os que se importavam
Com o momento inicial do bater do coração
E não com seu momento final.
E foi quando percebeu o quanto se perdera
Por entre os dias lindos anuviados
Em sombra indistinta em seus olhos,
Na hora tão negros, confundindo-se com a pupila,
Sem perceber ao menos que seu coração batia.
Viu, naquele momento, também
Que não precisava haver sentido
No retirar-se em colheitas de trigo
Para se entregar à arte em alma em ascensão,
Pois não precisa haver utilidade para se ter o céu
E ser supremo e grandioso como se diziam dever ser.
E viu naqueles meninos que para flutuar
Não é preciso água, mas fé mais que Pedro
No vagar alheio dentro de si.
E assim tocar o outro em ser social,
Com alma expandida e consciência
De sua existência independente
No saborear o gelado do sorvete.
Marina Cangussu F. Salomão
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