Depois de uma chuva noturna
Em dia fresco com o sol ainda criança
Brincando de esconder atrás das folhas
E seu riso fazia levantar as gotas
Que disputavam quem conseguiria alcançá-lo.
Sim. Era muito bucólico e real.
A manhã ainda de sono
Acordava apenas os pássaros
Que enfeitavam o cinza do resquício de sereno
Com seus cantos e rodopios
Bailavam soltos, me transbordando de inveja
Presa ao meu corpo preso ao chão.
Mas minha alma decidiu por acompanhá-los:
Flutuando de asas abertas entoando sua flauta
E elevava-se disputando com as gotas
E acreditava que poderia ganhar
_Porque fé é algo assim sem razão.
Ia dançando no vento até a árvore mais distante
Onde meus olhos perderiam-na da vista
E balançava em seus galhos
E abandonando o que a prendia ao seu corpo
Unia seu sopro ao sopro do mundo
Bem que diziam que éramos um só!
Pleno. Livremente pleno...
Já encontrava as borboletas amarelas
Salpicando-se por entre as flores
E minha alma sentia o salpico
Pois era tudo. Estava em tudo.
Sentia mesmo as cócegas das formigas
O vento bagunçando seus cabelos verdes de capim
Poderia sentir tudo: tudo aquilo que o corpo não podia
A preguiça dos cachorros a bocejar e esticar o corpo
Os lagartos decidindo-se por tomar banho de sol
E até as gotinhas que desejavam-no
Descansando no caminho nas nuvens...
Tudo! Todos os átomos.
Sem a inveja da limitação
Pois o que era era alma, não a pobreza do corpo.
Marina Cangussu F. Salomão
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